Folha de São Paulo
10/12/2012 21h33
Aeronautas e aeroviários ameaçam entrar em greve na quinta-feira

DA REUTERS

Os aeroviários e aeronautas ameaçam fazer uma greve de advertência na próxima quinta-feira (13), informaram representantes das duas categorias hoje.

Os aeroviários já decidiram pela paralisação, segundo a diretora do Sindicato Nacional da categoria, Graziela Baggio. Os aeronautas também devem aderir ao movimento, de acordo com a presidente do Sindicato Nacional, Selma Balbino.

Aeronautas, que trabalham a bordo das aeronaves, e aeroviários, que são os funcionários em solo, reclamam melhorias salariais e pretendem com o movimento chamar a atenção para as quase quatro mil demissões promovidas nestee ano, três mil pela Gol e 850 pela extinta Webjet, que foi comprada nesse ano pela própria Gol.

"A paralisação afunila uma série de coisas que vem afetando a categoria como salário, mas também estão em jogo as demissões arbitrárias desse ano e a não solução para ex-funcionários da Varig e do Aeros (fundo de pensão da Varig)", declarou Baggio.

Os aeronautas reivindicam aumento de 11,4% e, de acordo com o sindicato, a contrapartida das companhias é de no máximo 2 por cento, abaixo da inflação.

"É algo indesejável que não repõe nem a inflação. É uma insatisfação latente e o setor está sendo muito maltratado", afirmou ela.

Já os aeroviários devem ir pelo o mesmo caminho. Uma votação nos sindicatos locais foi realizada e a confirmação deve acontecer nessa terça-feira com a apuração dos votos.

Os aeroviários pedem aumento de 15 por cento para quem ganha piso salarial e 10 por cento para os demais profissionais.

"Estamos fazendo manifestações nos aeroportos e aqui no Rio conversando com o pessoal, a maioria é pela adesão ao movimento de greve", afirmou Balbino por telefone.

Segundo os dois sindicatos, na véspera da paralisação, haverá uma reunião com os representantes das empresas para um acordo final.

"A greve foi aprovada, mas no dia 12 haverá uma negociação com o sindicato patronal. É claro que se houver acordo não haverá paralisação. Como vai ser a greve, caso não haja acordo, o tipo de greve, como vai ser, essas coisas, isso tudo vai ser decidido em assembleia no próprio dia 13", disse Baggio.

Se a greve se confirmar, ela voltará a acontecer em dezembro, período de maior demanda nos aeroportos de todo o país. A data base da categoria é em dezembro, mas as discussões foram antecipadas esse ano para o movimento não ser taxado de oportunista pela proximidade das festas de fim de ano, disseram os dois sindicatos.

A previsão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do governo federal é de que a demanda cresça cerca de 10 por cento nessa virada de ano e o movimento nos aeroportos seja superior a 17 milhões de passageiros.

"O governo acompanha sempre essa situação; é um setor maduro e o bom senso de atender à população tem prevalecido e, em geral, o final do ano tem sido tranquilo", disse mais cedo no Rio o Secretário Nacional de Aviação Civil, Wagner Bittencourt.

Jornal Zero Hora - 27/09/2009
UMA CARREIRA PARA DECOLAR
Mercado nas alturas
Quantidade de profissionais capacitados não acompanha o crescimento do tráfego aéreo no país. O apagão de pilotos levou a Anac a custear aulas práticas em diferentes regiões.

Pilotos e outras profissões relacionadas à aviação podem garantir o seu embarque no mercado de trabalho. O tráfego aéreo de passageiros cresceu 6,5% apenas no primeiro semestre deste ano ante o mesmo período de 2008, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), abrindo portas para muitas vagas.

Atualmente, são mais de 12 mil aeronaves – incluindo aviões e helicópteros civis de todas as categorias – responsáveis por transportar mais de 50 milhões de pessoas por ano no país. Mas na contramão do crescimento, faltam profissionais qualificados dispostos a seguir carreira, em terra e no ar, apontam especialistas do setor.

– Há carência principalmente de pilotos com experiência. Muitos, após a paralisação das atividades da Vasp, Transbrasil, Varig, Rio Sul, Nordeste e BRA, optaram por trabalhar no Exterior, onde salários e benefícios são mais atrativos – explica Graziella Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas.

Juliano Noman, superintendente de Serviços Aéreos da Anac, discorda. Para ele, o problema não é a falta de mão de obra, mas a dificuldade de formar gente em um curto prazo.

– Temos profissionais suficientes. Mas precisamos treinar pessoas para suportar o crescimento que esperamos para os próximos anos – pondera o superintendente.

De acordo com Noman, é possível formar técnicos entre 12 meses e 18 meses. Porém, fazer com que a carreira decole no setor da aviação nem sempre é tarefa fácil de ser executada. Os cursos são caros para todos os cargos, argumenta Graziella:

– O investimento no aprendizado é alto. E os salários não atraem mais.

Investimento na formação é expressivo

Luiz Augusto Jaborandy, 23 anos, confirma que o retorno do alto investimento para começar a carreira muitas vezes só começa a aparecer a partir do terceiro ano de profissão, como estimam também os especialistas. Em 2007, acompanhando o pai, piloto militar em viagem aos Estados Unidos, conquistou as habilitações americanas de piloto privado, privado de helicóptero, voo por instrumento, comercial (de linhas áreas e táxi aéreo) e bimotor.

– É um diferencial para a carreira. O inglês é valorizado, principalmente a linguagem técnica. Sem contar a experiência adquirida em aviões cuja tecnologia é muitas vezes superior à nossa – avalia Jaborandy

De volta a Brasília há seis meses, o estudante do curso superior de aviação civil comemora a aprovação da experiência pela Anac. Isso porque, para validar a formação americana no Brasil, ele passou por provas teóricas e práticas elaboradas pelo órgão.