Valor Econômico
20/12/2012
Gol terá oito dias para recontratar funcionários da Webjet

Por Luciana Bruno | Valor

SÃO PAULO - A Gol Linhas Aéreas informou nesta quinta-feira ter recebido ontem notificação para o cumprimento da liminar expedida pela Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro que exige a reintegração dos 850 funcionários demitidos da Webjet, adquirida em 2011.

A empresa passa a ter oito dias corridos para cumprir a decisão. Em comunicado, a Gol informou que está providenciando as “medidas cabíveis”, sem detalhá-las. Na terça-feira, a empresa havia informado que recorreria da decisão.

A juíza titular da 23ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ), Simone Poubel Lima, expediu na terça-feira mandado para cumprimento da liminar que exige a reintegração por parte da VRG Linhas Aéreas — holding controladora de Gol e Varig — dos funcionários demitidos da Webjet.

Caso a decisão não seja cumprida, será aplicada multa diária de R$ 1 mil por empregado demitido.

A VRG havia entrado com um mandado de segurança para reverter a liminar do juiz Bruno de Paula Vieira Manzini, concedida no dia 9 de dezembro. O pedido da Gol foi rejeitado pela desembargadora do TRT-RJ, Sayonara Grillo, no dia 14.

A compra da Webjet foi anunciada pela Gol em julho de 2011, por R$ 310,7 milhões — R$ 96 milhões em dinheiro e R$ 214,7 milhões em dívidas. Segundo advogados da Gol, a companhia aérea não tem condições de arcar com os custos de manter os funcionários da Webjet. Durante a audiência, a aérea alegou que teve “problemas de ordem econômica” neste ano.

A ação foi impetrada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) após denúncia do Sindicato Nacional dos Aeronautas, que alegou ilegalidade nas demissões ocorridas em 23 de novembro.


Jornal Zero Hora - 27/09/2009
UMA CARREIRA PARA DECOLAR
Mercado nas alturas
Quantidade de profissionais capacitados não acompanha o crescimento do tráfego aéreo no país. O apagão de pilotos levou a Anac a custear aulas práticas em diferentes regiões.

Pilotos e outras profissões relacionadas à aviação podem garantir o seu embarque no mercado de trabalho. O tráfego aéreo de passageiros cresceu 6,5% apenas no primeiro semestre deste ano ante o mesmo período de 2008, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), abrindo portas para muitas vagas.

Atualmente, são mais de 12 mil aeronaves – incluindo aviões e helicópteros civis de todas as categorias – responsáveis por transportar mais de 50 milhões de pessoas por ano no país. Mas na contramão do crescimento, faltam profissionais qualificados dispostos a seguir carreira, em terra e no ar, apontam especialistas do setor.

– Há carência principalmente de pilotos com experiência. Muitos, após a paralisação das atividades da Vasp, Transbrasil, Varig, Rio Sul, Nordeste e BRA, optaram por trabalhar no Exterior, onde salários e benefícios são mais atrativos – explica Graziella Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas.

Juliano Noman, superintendente de Serviços Aéreos da Anac, discorda. Para ele, o problema não é a falta de mão de obra, mas a dificuldade de formar gente em um curto prazo.

– Temos profissionais suficientes. Mas precisamos treinar pessoas para suportar o crescimento que esperamos para os próximos anos – pondera o superintendente.

De acordo com Noman, é possível formar técnicos entre 12 meses e 18 meses. Porém, fazer com que a carreira decole no setor da aviação nem sempre é tarefa fácil de ser executada. Os cursos são caros para todos os cargos, argumenta Graziella:

– O investimento no aprendizado é alto. E os salários não atraem mais.

Investimento na formação é expressivo

Luiz Augusto Jaborandy, 23 anos, confirma que o retorno do alto investimento para começar a carreira muitas vezes só começa a aparecer a partir do terceiro ano de profissão, como estimam também os especialistas. Em 2007, acompanhando o pai, piloto militar em viagem aos Estados Unidos, conquistou as habilitações americanas de piloto privado, privado de helicóptero, voo por instrumento, comercial (de linhas áreas e táxi aéreo) e bimotor.

– É um diferencial para a carreira. O inglês é valorizado, principalmente a linguagem técnica. Sem contar a experiência adquirida em aviões cuja tecnologia é muitas vezes superior à nossa – avalia Jaborandy

De volta a Brasília há seis meses, o estudante do curso superior de aviação civil comemora a aprovação da experiência pela Anac. Isso porque, para validar a formação americana no Brasil, ele passou por provas teóricas e práticas elaboradas pelo órgão.